Tabata volta a associar o empresário ao PCC em vídeo, enquanto Nunes diz que postulante do PRTB está ‘envolvido até o nariz’ com a facção

Pablo Marçal (PRTB) durante entrevista após motociata com apoiadores no sábado — Foto: Maria Isabel Oliveira

Com Pablo Marçal (PRTB) subindo nas pesquisas na disputa pela prefeitura de São Paulo usando uma estratégia controversa de ataques agressivos em debates e mobilização nas redes sociais, os outros candidatos voltaram ontem, mais uma vez, sua artilharia para o empresário.

A deputada federal Tabata Amaral, candidata do PSB, publicou um novo vídeo em suas redes sociais fazendo referência a reportagens publicadas nos últimos dias sobre indícios de ligação de integrantes do PRTB com a facção criminosa PCC. Ela diz que está monitorando os novos perfis de Marçal nas plataformas, criados após o bloqueio do original determinado pela Justiça Eleitoral, da qual ele recorre.

Os perfis de Marçal no Instagram e TikTok e outras redes, além de seu site oficial, foram suspensos sob a suspeita de que ele paga colaboradores para produzir e difundir cortes de vídeos nas redes sociais com recursos não contabilizados. O X, antigo Twitter, ainda não cumpriu a ordem. Desde que criou sua conta reserva no Instagram, há dois dias, o ex-coach já ganhou 2,8 milhões de seguidores.

— Ele foi autorizado pela Justiça a criar novos perfis, sem financiamento ilegal, artimanha, sem máfia digital. Recebeu uma chance de recomeçar, mas o Pablo não consegue jogar dentro das regras — disse Tabata, relembrando processos judiciais contra Marçal e questionando a origem do seu dinheiro. — A gente já identificou como ele ganhou tantos seguidores na conta nova em tão pouco tempo. E spoiler: não foi graças ao rostinho harmonizado dele.

Sem dar pistas de sua próxima cartada, a deputada disse esperar um novo confronto direto no debate da TV Gazeta no domingo:

— Quem banca essa candidatura? Uma pesquisa por seus aliados esbarra sempre nas mesmas letras: P de Pablo, C de coach e C de criminoso.

Pressão sobre Nunes


A equipe de Tabata avalia que, ao subir o tom contra Marçal, a deputada tem chance de crescer cristalizando a ideia de que é a candidata que mais tem coragem de enfrentar o empresário. A estratégia ganhou elogios até da ala bolsonarista da campanha de Ricardo Nunes, que recomendou ao prefeito fazer o mesmo, investindo na “desconstrução” de Marçal ao ressaltar seus problemas com a Justiça e levantar suspeitas de ligação com criminosos.

Na disputa pelo eleitor conservador, Nunes afirmou ontem que Marçal está “envolvido até o nariz com o PCC”, mas não confirmou se participará do debate de domingo:

— Temos de separar debate do que é um palco para um irresponsável, um moleque fazer corte e ficar mentindo.

Ao GLOBO, Marçal disse que só falaria “de quem está na frente” dele na pesquisa. Nunes, Marçal e Boulos estão tecnicamente empatados na liderança, segundo a última pesquisa do Datafolha, com margem de erro de três pontos. Boulos tem (23%), seguido de Marçal (21%) e Nunes (19%).

Boulos também atacou Marçal. Em um encontro com evangélicos, falou contra “falsos profetas”. Mais tarde, respondeu nas redes sociais a críticas de parte de seu eleitorado por não dar respostas mais energéticas às provocações de Marçal.

— Eleição não é concurso de quem grita mais alto — afirmou, reconhecendo que a chegada de Marçal, que classificou como “asqueroso” e dono de “uma ficha corrida enorme, bagunçou a campanha e criou um “momento delicado” na disputa. (Colaboraram Nicolas Iory e Matheus de Souza)


Fonte: O GLOBO